Pra falar mal tem que saber
Pra falar mal tem que saber
Dave Matthews x Rock in Rio x JornalistasVocê sabe o que é ser imparcial ou tendencioso?
Consegue perceber em uma notícia se o jornalista está
analisando fatos com criticidade profissional e conhecimento de causa, ou se
simplesmente está expondo seu gosto pessoal?
Há tempos que espero uma oportunidade como esta de analisar
notícias de fontes diferentes para debater esse assunto. Melhor ainda que não
estamos analisando notícias políticas, assim o exemplo fica mais universal.
Aqui vamos falar de pessoas formadas em jornalismo que estão
escrevendo em um espaço cedido por meios de comunicação de grande porte e que
são responsáveis por analisar e divulgar eventos culturais. Eu fico triste. De
saber que a produção cultural brasileira está sendo divulgada por pessoas que
escrevem dessa forma, sem conhecimento de causa e expondo seu gosto pessoal
como uma verdade. E me preocupa mais ainda imaginar que notícias de economia, política
e outros assuntos vitais possam estar passando por mãos tão displicentes.
O Fato analisado:
a banda DMB (Dave Matthews Band) participou do Rock in Rio. Tocaram antes do Bon
Jovi que era a última atração da noite.
1 - Folha
de São Paulo na voz do jornalista Ivan Finotti:
Definiu o estilo como: “Soft Rock”
Fala de forma quase imparcial sobre ter pouco público e
pessoas sentadas
Justifica o pouco público interessado dizendo que o
vocalista tem “zero carisma. Não empolga ninguém e não parece empolgado por
nada”. “Com cara e jeito de mecânico dos Estados Unidos profundo, falta energia
a Dave Matthews.”
Depois o jornalista diz não entender (assistindo só a esse show) como uma banda dessas faz tanto sucesso fora do País, para finalizar, debocha do sotaque do cantor por ele classificado de “sotaque risível”.
Depois o jornalista diz não entender (assistindo só a esse show) como uma banda dessas faz tanto sucesso fora do País, para finalizar, debocha do sotaque do cantor por ele classificado de “sotaque risível”.
Para o jornalista Ivan, que assistiu à um show, buscou um mínimo de informações
para analisar o contexto geral, e deixou seu gosto pessoal falar mais alto que
seu profissionalismo, sim, deve ser difícil entender muitas coisas.
Para ler na íntegra link
2 - Estadão
na voz do jornalista Guilherme Sobota
Guilherme chama a banda DMB de um caso curioso. Assim como o
Ivan acima, ele não entende e diz: “Uma banda que emplaca 7 álbuns seguidos no
topo da para da Billboard americana (um recorde global) é uma das mais odiada por fãs em todo o espectro da
música”
Classificou o estilo da banda como “uma fusão de “pop, música
country e rock progressivo” Chama a banda de “legítima banda de bar”. Faz outros
comentários pejorativos dizendo que preferia ouvir Bruce Springsteen.
Eu fico me perguntando se é falta de tempo, de interesse,
ou se a intenção é ser mesmo um “lacrador” e “causar”. Penso que movimentos
culturais do nosso país (e de fora também) perdem muito sendo analisados por
profissionais com esse perfil. A população perde. A cultura do povo perde. É difícil
acreditar que coisas escritas dessa forma não tem interesses comerciais e
mercadológicos envolvidos.
Para ler na íntegra:
3 – G1 (portal de notícias da Globo)
por Cesar Soto.
César fala do encontro da Banda nos bastidores com Ivete
Sangalo, que já fez participações em shows da DMB nos Estados Unidos. Comenta,
assim como o Ivan, que o cantor falou em português “eu amo a Ivete”, mas não discutiu
a qualidade da pronúncia.
Durante a matéria o Jornalista apresenta o fato de que Dave
Matthews Band “não estaria em frente ao seu público” , que a maioria dos fãs
que estava ali era do Bom Jovi mesmo. Ele fez uma análise bem interessante de
como a banda pensou o show, descrevendo bem o estilo da banda (sem tentar classificá-la
como “pop, rock, etc”) encerra dizendo: “a Dave Matthews fez o show correto
para o público errado”. Poderia ter tocado em um palco alternativo para o seu
público mais específico.
Me surpreendi, achei muito pertinente os comentários. Sem
“lacração”. Falando com conhecimento de causa, usando as palavras de forma
inteligente. E passando para quem não foi ao show uma ideia do que aconteceu,
sem precisar ser pejorativo ou desacreditar o trabalho de ninguém.
Ele pode ser acusado de dar ênfase a Ivete para aproximar
os públicos? Sim. Mas sinceramente pra mim esse é o trabalho de um colunista
cultural, apresentar, fomentar, conectar.
Para ler na íntegra:
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Pra quem não sabe, eu (Edson Reichert) sou muito fã do
músico Dave Matthews e da sua banda. Ouço há mais de 15 anos, tenho muitos CD’s,
fui à um show e conheci a banda, quando tocaram no Brasil em um Free Jazz
Festival. Eu consegui gravar a música “Stay” no vídeo cassete, e ali fiquei
embasbacado, assistido muitas vezes a mesma música, pois não existia internet
na época. Na segunda feira corri para a loja de CDs da cidade onde morava pra
tentar achar mais alguma coisa.
Sob o meu ponto de vista a melhor banda do mundo. (isso é
minha opinião, qualquer um pode discordar)
Sei que é uma banda que fora do Brasil, arrasta multidões
para shows. Milhões de discos vendidos, de downloads e acessos em seus canais. Indicações
e troféus Grammy.
Uma banda com quase 30 anos de estrada. Seu estilo musical é
muito misturado, com influências muito fortes do Jazz (tanto que se apresenta
em festivais de Jazz), rock, blues. Bem experimental, livre. Uma das suas
principais características é a não linearidade dos seus ritmos e arranjos, o que
faz sua música soar um pouco estranha para ouvidos muito acostumados com
Pop/Rock ou qualquer outro estilo mais constante, mais linear. Solos e
improvisos dos instrumentistas fazem uma música de 3 minutos durar 3 vezes o
seu tempo normal. De fato são poucas as pessoas no Brasil que gostam de ouvir
músicas assim, tão densas, tão cheias de informação.
Mesmo sendo fã, sei que o Brasil não é o país onde a banda
se sente mais bem acolhida.
Aqui, seu maior público está em São Paulo, e lotou o
Ibirapuera, dias antes do Rock in Rio. Algo em torno de 10 mil pessoas. Em
outros lugares do mundo seus shows tem 30, 40 mil pessoas.
Bem, o fato é que existem pessoas que quando não sabem o que
estão falando, usam sua opinião pessoal para falar bem ou mal. Não se dão o
trabalho de buscar informação no lugar certo, não se preocupam com a mensagem
que estão passando para o mundo, são cumpridores de tarefa.
O mundo não precisa de mais cumpridores de tarefa. O mundo
precisa de pessoas que façam as coisas fluírem, que divulguem uma mensagem que
coloque as pessoas em movimento e não que promovam a inércia, neste caso a
inércia cultural.
Dois jornalistas formados resolveram dizer que a banda era
ruim, com músicas ruins. Quem não conhece, talvez não se anime a pesquisar e
conhecer, ou se fizer, talvez vai estar com aquela impressão de que é ruim,
porque isso foi plantado nelas.
O César Soto, resolveu passar a mensagem de que a banda era
muito boa, mas talvez estivesse no lugar errado. Fez um gancho positivo com a
Ivete, e deixou para o leitor a decisão de gostar ou não gostar daquele tipo de
música. Talvez plantou no leitor que não conhece, uma vontade de ir pesquisar e
conhecer esse tipo de música tão diferente, que acabou não tendo muito espaço
num festival que faz tempo que não é de Rock. Aliás poderiam trocar o nome
tranquilamente para “Pop in Rio”.
Muito bom seu texto! E esse mediocres babacas sao a cara do atual jornalismo btasileiro, distorcendo tudo pra colocar a na cabeca do ze povinho sem.educacao que ouvem o que eles falam e dizem amem. Pra mim a DMB é sim uma das melhores bandas do mundo, fui no show em.SP e foi um PUTA show, gostei mto do show do RIR por ele ter tocado coisas diferentes então vi 2 shows, acho q por ser num festival, o show ñ é a mesma coisa! Show certo pra pessoas erradas?! Acredito, mas falar que o Dave ñ tem carisma? Não levanta a multidão?! Sabe de NADAAAAAA
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFato é que DMB é uma banda difícil de absorver logo de cara. Principalmente estando despreparado ou sem o foco para tal. O termo “densa” utilizado, resume muito bem. Senti que essas análises é que foram protocolares, extremamente rasas e repletas de preconceitos - bem na raiz da palavra. Concordo que a banda fez "o show certo no palco errado", mas para quem assistiu ao show pela TV, como meu caso, assistiu ao suprassumo da música mundial - Recordo de ver diversos comentários extremamente elogiosos no Twitter de muitas pessoas que pareciam desconhecer a banda. Isso é o que no final das contas faz a diferença: A sua experiência. Goste ou não, decida isso por você. Já tive a oportunidade de estar em dois shows da banda no Brasil, também sou fã de longa data e me entristecem muito as análises apresentadas. Mas tudo bem, o lance é "não beber dessa água!”.
ResponderExcluirOnde assino?
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