Querido imaginário, quase diário #4

Querido imaginário, quase diário #4 (ócio)

Nem todo dia é dia. Nem sempre as ideias vem. Tem dias que não sai nada.
E quanto mais a gente insiste, pior fica.. Tipo hoje talvez.

Quem é do tempo do CD ou até do Vinil, sabe como era comprar o tão esperado disco novo do seu artista preferido, e acabar ficando "#chateado" porque de umas 12 músicas, só gostou mesmo de 5, ou menos.
Eles ou elas, nem tinham culpa. Eles precisam "produzir" num prazo determinado, uma quantidade mínima de músicas pro disco se tornar financeiramente viável. Uma lástima.

Pensei agora que imaginário, poderia derivar de berçário. Um berçário de imagens. Ideias são imagens. Nosso cérebro se organiza assim (pelo menos o meu). Dizem que só alcançamos o que conseguimos visualizar.

Ao meu ver, a criatividade, o imaginário, as ideias, se formam, com mais intensidade dentro de mentes que se abastecem de informações de diversas áreas.
Mentes que gostam de fazer misturas, usar referências de uma área, pra resolver problemas de outra área. Mentes que transformam respostas fechadas em conceitos que podem ser aplicados e modificados de acordo com novos problemas.

Mas não adianta só encher a cabeça de informações até a tampa!
É preciso ter um espaço vazio, um espaço de trabalho.

Quem gosta de esquentar a barriga no fogão sabe que panela muito cheia é difícil de mexer.
Precisa de espaço adequado para fazer a mistura.

Como diz Rubem Alves, "o que aprendemos é o que fica depois que o esquecimento faz seu trabalho.
A famosa "memória seletiva". Um espaço vazio onde vamos colocar um pouquinho de cada informação e misturar para cozinhar novas ideias.
Quando chove demais, e o rio transborda, precisa parar de chover para o rio baixar. Ou seja, se continua caindo água, e enchendo mais, não dá tempo de esvaziar.

Pra isso serve o Ócio.

Não fazer nada.
Não encher mais, mas sim, esvaziar.
Não fazer nada produtivo por algumas horas.
Brincar, se divertir.
Fazer alguma coisa pra si.
Tirar um tempo.
Ficar de bobeira.
Não ler nada "muito cabeça".
Ouvir música.
Ouvir música.
Ouvir música.
Ficar em silêncio.
Silêncio.
(leia baixinho e suavemente) - ssssilêêêênnnciooooo… shhhhh
Falar sozinho.
Passear.
Tomar banho no escuro.
Correr.
Andar de bicicleta.
Tocar um instrumento.
Cantar.
Mexer com a terra.
Desligar os eletrônicos.
Se desconectar.
Se desconectar.
Se desconectar.
Se conectar com o "seu eu" mais esquecido.
Se conectar com a sua criança interior.
Com os sonhos dela.
Rir.
Chorar.
Rir de si mesmo.

Ahh e dormir. Mentes cansadas ficam irritadas.
Ideias não gostam de espinhos.

Comentários

  1. Edson, para esvaziar minha cabeça, para que as ideias remexam dentro da cabeça...vou para o jardim, vou para armários organizar...revisito épocas e memórias. Ontem à noite com vários vinis da mão, fiquei imaginando que valor teria agora, um tempo que demorava muito para juntar o valor....Acabei rindo com as lembranças das reuniões dançantes que eu, minha irmã e primas organizávamos...Bons tempos! Tudo era difícil, mas com mais valor. Abraço,

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