Querido diário imaginário, #1

Hoje foi um dia bom.
Cedo, estava frio, cinza.
As horas foram passando, o vento ventando e o Sol veio conversar um pouco com as folhas que não varri ontem depois de cortar a grama.
Resolvi tentar resolver um problema antigo. E entre uma marretada e outra no poste de concreto que precisava de reparos, fui passando a limpo cenas das últimas semanas.
Coisa boa estar cercado de pessoas legais, educadas, inteligentes. A gente só se dá conta de coisas assim quando se depara com o oposto. Fico feliz que estes momentos de "realidade aumentada são passageiros pra mim. (eu fujo quando consigo).

No meio da poeira que levantava quando os pedaços de reboco se soltavam do pilar, um ser-humaninho se embrenhava pelo meio de minhas pernas para surrupiar alguns pedaços de concreto.
Carregava orgulhoso até seu carrinho com caçamba, vibrando feliz com mais uma conquista. Por segurança, ele não devia estar ali, mas volte e meia escapava e sua aproximação era motivo de pausa.
Felicidade, o nome dessa cena.
É engraçado como o óbvio deixa de existir quando uma criaturinha que mal viveu 600 dias neste planeta, me mostra suas descobertas:

  Uma pedra,
  Uma folha,
  Um chapéu do papai,
  O som de um cavalo passando na rua,
  A luz do poste com defeito que acende e apaga,
  O som do mar que ouvimos a noite quando o mundo se prepara para dormir…

Eu sou um cara que sabe fazer muitas coisas. Isso é uma benção, e também uma maldição. Mas no fim das contas, sim, é melhor saber.
Eu tenho muitas coisas. As que eu não tenho não são necessariamente vitais.
Tive uma boa criação. Nunca sobrou muito, mas também nunca faltou. Éramos seis, como no livro.
Apesar disso, sempre tive uma dificuldade em relação à gratidão. Sinto vergonha quando penso nisso, mas saber o que é gratidão, é diferente de sentir gratidão.

Sentimentos só passam a ser reais quando são sentidos.

Obrigado meu filho pelos sentidos que tem me ensinado a cada segundo.

Te amo

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